Cada vez me sinto mais de outro planeta.
Cada vez que se abre um jornal, se ouve as noticias na rádio ou se ver um telejornal, é raro o dia em que não se faz referência a violência onde estão envolvidos jovens.
Quando vejo actos de racismos, só porque o outro é da cor Y ou pertence á religião XPTO...
Quando vejo jovens de 17/18 anos a serem tratados na pediatria como se fossem criancinhas indefesas que apareceram com mais álcool no sangue do que sangue no álcool.
.Quando vejo jovens a maltratarem os mais velhos, só porque os contrariaram.
Quando vejo noticias como esta http://www.dn.pt/sociedade/interior/um-terco-dos-rapazes-acha-legitima-a-violencia-sexual-no-namoro-5026222.html
Quando vejo crianças a serem malcriadas e responderem mal ao professores (antigamente professor tinha tanta importância na sociedade como o médico e o sr dr juiz, agora é quase tratado como trapo do chão) e a terem os "améns" dos pais....
Tudo isto e muito mais, só me leva a querer numa coisa: nós pais temos parte de culpa.
Porque é que digo que temos parte de culpa?
Porque a outra parte está associada á personalidade deles...
Não sou psicóloga, não socióloga nem outros "ologas" que existam e possam estudar estes "eventos".
Sou uma mãe, já fui auxiliar de acção educativa e sou cidadã.
Revolta-me ver mãezinhas passarem a mão pelo cabelo do filho depois da professora dizer que o filho fez isto ou aquilo.
Ou ouvir mães a queixarem-se que não têm dinheiro para coisas básicas de casa e depois ver os filhos "emborrachados" e ainda ouvir "ora são jovens têm de se divertir..."
Para mim há um vazio de valores nesta juventude que arrepia. Roubar é normal? Violência é normal? Maltratar é normal?
A juventude não pode ser desculpa para, pelo menos nós pais, não castigarmos os nossos filhos e responsabilizarmos pelos seus actos.
Sim é verdade que eles têm de dar "cabeçadas" na vida para crescer. Mas para mim "cabeçadas" são uma coisa, violência, roubar e outras coisas do género não o são.
Quantos pais não há, que tentam tudo para "encaminhar" os filhos e eles nada?
O meu filho (com 6 anos) este ano partiu um vidro da escola com o guarda chuva porque escorregou.
Foi azar? Claro que foi, mas partiu-se o porquinho e "pagou" o vidro.
Porque é que disse "pagou", porque não pagou na realidade. A situação passou-se em frente de vários adultos e todos disseram que ele escorregou. E quem pagou foi o seguro. Mas o que lhe quis transmitir é que mesmo quando acontece alguns "azares" temos de assumir as consequências. Apesar de ele não ter culpa devia ajudar a pagar o vidro. Ele entregou as moedinhas do porco á professora (que depois ás escondidas devolveu) e disse que era para ajudar a pagar o vidro. Houve pais que acharam que a minha atitude tinha sido exagerada e isto e aquilo.
Não me arrependo e volto a fazer se algo do género acontecer.
Qual foi o resultado disto tudo? Algo engraçado... O meu filho agora quando lhe dão dinheiro (nem que seja um simples cêntimo) vai guardar no porco para se voltar a precisar já ter dinheiro!!!! Agora quer ir "trabalhar" com o pai na horta para ganhar dinheiro. Quer montar uma banca á porta de casa para vender limonada (influencias americanas dos filmes só pode). Assim ganha dinheiro que é para quando for grande, construir uma casa e para os pais não irem para o lar!!!!!!!! Influência do que se passou na escola? Não sei mas coincidiu com essa altura.
Acho que a juventude de hoje não está muito habituada a ser responsabilizada pelas suas atitudes. Não quero filhos santos, quero filhos que façam asneiras mas tenham responsabilidade e a humildade de assumir os seus erros. Quero mostrar aos meus filhos que ser responsável não é ser fraco, ou mariquinhas.
Se eles vão assimilar? Espero que sim. Se isso não acontecer? Pelo menos tentei.
Vícios não vou sustentar. Não sustentaram os meus e não morri por isso. Pelo contrario vez-me crescer. Fazer um filho assumir as responsabilidades dos seus actos não é estar a virar-lhe as costas. É tentarmos que sejam homenzinhos e mulherzinhas.
Filho meu se faltar ao respeito seja a quem for, vai ficar de castigo. Oh se vai... Sou militarista? Que seja. Cá em casa há regras e valores. Não somos perfeitos nem nada que pareça. Mas damos o nosso melhor, como todos os pais. Mas acho que temos a obrigação de tentar todos em conjunto (família, escola, sociedade em geral) melhorar esta situação que não sei onde vai parar...
Nós cá em casa estamos a fazer aquilo que achamos que é melhor para os nossos filhos perante as personalidades deles.
Tenho a certeza que desse lado também há a tentativa e a esperança de estarem a fazer o melhor.
Porque é que os miúdos não vem com manual de instruções? Ajudava tanto...